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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Deus e o perispírito


Um amigo, ao comentar o artigo "Biogênese", postado nesse blog em 7 de setembro passado, escreveu:

"Olá Isolaquio, visitei o blog, (…) está em conformidade com quase tudo que já aprendi em cursos como ESDE e outros. Quase porque o último parágrafo para mim foi surpreendente pois julgava ser DEUS o "agente extra com capacidade de organizar a vida". Falta-me conhecimento para entender  o "perispírito ". Estimaria sua orientação e indicação de artigos ou fontes pertinentes, se possível. 

Tibério Novelino"

Minha resposta:

Amigo Tibério, é bem verdade que a Causa Primária de todas as coisas possui capacidade de organizar a vida. Não resta dúvida quanto a isso. Além do mais, Deus é a o criador de tudo o que existe. Observemos, sobre o assunto, a mensagem de um grande poeta lusitano:

Deus

Quem, senão Deus, criou obra tamanha,
O espaço e o tempo, as amplidões e as eras,
Onde se agitam turbilhões de esferas,
Que a luz, a excelsa luz, aquece e banha?

Quem, senão ele fez a esfinge estranha
No segredo inviolável das moneras,
No coração dos homens e das feras,
No coração do mar e da montanha?

Deus!... somente o Eterno, o Impenetrável,
Poderia criar o imensurável
E o Universo infinito criaria!...

Suprema paz, intérmina piedade,
E que habita na eterna claridade
Das torrentes da Luz e da Harmonia!

ANTERO DE QUENTAL (Espírito)

Do Livro Parnaso de Além Túmulo – Editado pela Federação Espírita Brasileira, psicografado por Francisco Cândido Xavier.

O que quis expressar no artigo a que você se refere é o modo como Deus atua, isto é, por meio das suas criaturas. Os espíritos são agentes da divindade em todo o Universo. Avanço ainda afirmando que, ao usar a palavra espíritos, refiro-me não somente a espírito humano, mas também ao princípio psíquico que anima os seres inferiores ao homem e que, com a evolução, humanizar-se-ão.

Em “O Livro dos Espíritos” encontramos:

540. Os Espíritos que exercem ação nos fenômenos da Natureza operam com conhecimento de causa, usando do livre-arbítrio, ou por efeito de instintivo ou irrefletido impulso?

“Uns sim, outros não. Estabeleçamos uma comparação. Considera essas miríades de animais que, pouco a pouco, fazem emergir do mar ilhas e arquipélagos. Julgas que não há aí um fim providencial e que essa transformação da superfície do globo não seja necessária à harmonia  geral? Entretanto, são animais de ínfima ordem que executam essas obras, provendo às suas necessidades e sem suspeitarem de que são instrumentos de Deus. Pois bem, do
mesmo modo, os Espíritos mais atrasados oferecem utilidade ao conjunto. Enquanto se ensaiam para a vida, antes que tenham plena consciência de seus atos e estejam no gozo pleno do livre-arbítrio, atuam em certos fenômenos,
de que inconscientemente se constituem os agentes. Primeiramente, executam. Mais tarde, quando suas inteligências já houverem alcançado um certo desenvolvimento, ordenarão e dirigirão as coisas do mundo material. Depois,
poderão dirigir as do mundo moral. É assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo.
Admirável lei de harmonia, que o vosso acanhado espírito ainda não pode apreender em seu conjunto!”
(O Livro dos Espíritos - tradução de Guillon Ribeiro - publicado pela Federação Espírita Brasileira)