A civilização ocidental desenvolveu uma idéia sobre os ensinos espirituais e religiosos diferente das idéias vigentes noutras culturas e em épocas recuadas.
Costuma-se afirmar, por aqui, que a religião não deve nem pode ser compreendida por meio da razão. Diferentemente das leis científicas, a alma, não pode ser analisada com base na lógica humana.
Portanto, teríamos duas realidades na obra divina regidas por leis cujas "lógicas" são radicalmente incompatíveis.
Haveria dois "universos" distintos e incomunicáveis.
Costuma-se afirmar, por aqui, que a religião não deve nem pode ser compreendida por meio da razão. Diferentemente das leis científicas, a alma, não pode ser analisada com base na lógica humana.
Portanto, teríamos duas realidades na obra divina regidas por leis cujas "lógicas" são radicalmente incompatíveis.
Haveria dois "universos" distintos e incomunicáveis.
Uma reflexão mais atenta sobre o tema, sugere-nos, entretanto, que a ideia do todo harmônico é mais natural.
No fundo da consciência humana, existe forte crença na unidade do pensamento que governa o Universo e que essa unidade pode ser percebida pela razão humana.
Pode-se observar essa intuição, na concepção monista materialista; identificamo-la, também, nas milenares tradições religiosas orientais, entre os hindus e os muçulmanos.
Pode-se observar essa intuição, na concepção monista materialista; identificamo-la, também, nas milenares tradições religiosas orientais, entre os hindus e os muçulmanos.
Físicos teóricos pesquisam a substância primordial, desejam encontrar uma força mãe das quatro fundamentais, já conhecidas: força fraca, forte, eletromagnética e gravitacional, donde partem todas as demais formas de energia e de matéria. Em vão alguns, apesar de competentes, físicos modernos recomendam aos colegas desistirem das investigações.
Talvez para os budistas ou muçulmanos, essas concepções não tragam nenhuma novidade. Eles raciocinam assim: se Deus criou o universo, material e espiritual, esses dois “universos” são regidos por leis harmônicas. É bastante lógico, mas poderíamos antepor raciocínio semelhante: no passado, na antiguidade, vivemos uma “tentativa” de unificar os dois grandes domínios da filosofia e o resultado não foi dos melhores. Os representantes da religião quiseram impor seus pontos de vista aos pesquisadores – fracasso total a curto prazo. Muitos rechaçaram a religião, a concepção de Deus e do espírito sobrevivente à morte. A Ciência passou a caminhar sem a tutela da Religião e se saiu muito bem.
Para desmoralizar ainda mais gravemente a religião, os que deveriam ser modelos de humildade e de caridade fizeram-se perseguidores e torturadores dos arautos do progresso. Na verdade, as igrejas desferiram golpes mortais em si mesmas.
No rastro desses sucessivos equívocos, as concepções superiores de Deus e da alma saíram abalados, mas apenas temporariamente, porque o que é imanente ao Universo não pode ser apoucado nem mesmo pela mais graves equívocos.
A Doutrina dos Espíritos resgata essas nossas profundas intuições, relativas à harmonia entre Ciência e Religião e da autonomia entre ambas.
A Ciência, por um lado, está apta a contribuir na melhoria da concepção de uma inteligência criadora e gestora do Todo. A religião, por sua vez, pode aproveitar os métodos positivos da Ciência na investigação da imortalidade e contribuir com a ciência aportando novas luzes para a compreensão de muitos fenômenos naturais, principalmente biológicos.
Estacionar o pensamento no passado, manter essa concepção dogmática em que não é permitida a dúvida, o raciocínio e a investigação seria perder a oportunidade de expandir-se e enriquecer todas as expressões da inteligência com a compreensão de Deus e da alma.