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domingo, 13 de novembro de 2011

Entrevista com a Dra Irvênia Prada

Reproduzo a interessante entrevista com a Dra Irvênia Prada, publicada no Jornal Seara de Luz, de Julho/2011 - Informativo do Grupo Espírita Seara de Deus.

"A equipe do jornal Seara de Luz entrevistou a médica veterinária Irvênia Prada, considerada autoridade mundial na comunidade científica sobre Neuroanatomia Animal. Dra Irvênia Prada, formada pela Universidade de São Paulo, está ligada a entidades que trabalham diretamente com a proteção e defesa dos animais. Autora dos livros A alma dos Animais e A questão Espiritual dos Animais, a médica veterinária também é conferencista e divulgadora dos conhecimentos acadêmicos aliados a Doutrina Espírita. O sexto Simespe conta com a participação da Dra Irvênia, que aborda o tema: A Trajetória do Se Espiritual da Animalidade à Angelitude - Evolução e funções do cérebro como órgão de manifestação da mente.


Qual a diferença entre a Teoria Evolucionista de Darwin e a Teoria do Espiritismo, sobre o processo evolutivo do ser?  A segunda edição de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec (1860), obra que constitui a base de todas as traduções que temos disponíveis, aconteceu apenas três meses após a publicação de a origem das Espécies (1859), de Charles Darwin. Ela contempla, em vários itens, a questão evolutiva do ponto de vista orgânico, em ressonância com os princípios darwinianos. Entretanto, o enfoque espírita vai muito além, com a revelação de que as etapas evolutivas da matéria representam mero reflexo da trajtória evolutiva do ser, no plano espiritual. Esse estudo depois se amplia em outra obra de Allan Kardec, A Gênese, publicada em 1868, da qual constam dois capítulos expressivos sobre o tema, ou seja, o X - Gênese Orgânica e o XI - Gênese Espíritual.


Existe comprovação científica de que “o animal caminha para a condição de homem, tanto quanto o homem evolui no encalço do anjo” (trecho da obra alvorada do Reino, Emmanuel, pela mediunidade de Chico Xavier)?
Sim, pelo menos no que se refere à primeira consideração, a de que “o animal caminha para a condição de homem”, pois tanto no terreno da biologia quanto da Antroplogia, considera-se que as espécies conhecidas, do gênero humano ( Homo habilis, Homo erectus, Homo sapiens e Homo sapiens sapiens), evoluíram a partir do australopithecus (austral = sul; pithecus = macaco), espécie de macaco, já de postura ereta, que teria vivido no sul da África, há aproximadamente 3,5 milhões de anos. As quatro espécies referidas teriam surgido respectivamente há 2 milhões de anos, 1 milhão de anos, 500 mil anos e 35 mil anos. Estudos realizados nos fósseis sobre a capacidade da cavidade craniana (que contêm o encéfalo) revelaram que os dados relativos ao Homo habilis mostraram-se mais próximos daqueles correspondentes ao Australopithecus, do que os dados atinentes às outras espécies do gênero humano.Esta é a razão pela qual alguns antropólogos não aceitam o Homo habilis como pertencente ao gênero humano, ou seja, para esses estudiosos, ele ainda é considerado macaco. Portanto, aí está a ciência mostrando que existe uma continuidade evolutiva, do ponto de vista orgânico, entre animais e seres humanos.
Mas ainda podemos focalizar o segundo comentário de Emmanuel, de que “o homem evolui no encalço do anjo”, com a seguinte observação: desde o australopithecus até a nossa atual espécie, aconteceram muitas modificações anatômicas, que segundo o que se prevê, ainda irão continuar. Trata-se de um “processo de hominização”, isto é, o ser está se construindo, se aperfeiçoando, o que nos remete à ideia de que estamos sim, caminhando para estágios “superiores”.



A noção geral dos cientistas hoje é bem mais complexa: a diferença entre as nossas faculdades mentais e as dos gatos, chimpanzés e periquitos seria de grau, não de tipo”, trecho da matéria 'O que pensam os animais?', publicada na revista Super Interessante (março/2011). Os estudos científicos confirmam esta afirmação? E qual seria a explicação espiritual? Estudos comparativos, em Neurociência, entre o cérebro dos animais e o do ser humano indicam que as diferenças são de natureza quantitativa, e não qualitativa, conforme assinalo em meu livro “A alma dos animais”. Considerando, como refere André Luiz em no Mundo Maior (capítulos 3 e 4), que “o cérebro é o órgão sagrado de manifestação da mente, em trânsito da animalidade primitiva para a espiritualidade humana”, podemos deduzir que o aperfeiçoamento progressivo do cérebro, durante o processo evolutivo orgânico, simplesmente reflete a progressão dos estágios evolutivos do princípio inteligente, em sua trajetória espiritual.


Ainda de acordo com a matéria, baseada em estudos científicos, os repórteres concluíram que cada espécie possui linguagem própria, e sim, utilizam de inteligência para se comunicarem entre si e com os homens. É coerente este tipo de afirmação? Se sim, esta inteligência está ligada a algum sintoma mediúnico do animal? É fato conhecido que os indivíduos das diferentes espécies animais se comunicam por linguagem peculiar a cada uma delas, revelando indubitavelmente, que são seres inteligentes. Sua linguagem trasmite uma informação, tem um prpósito definido. E também é fato conhecido, que os animais que convivem com os seres humanos, também se fazem entender e nos entendem. (…). Interessante nesse sentido é o trabalho do biólogo americano Roger Fouts (O Parente mais Próximo), em que ensinou durante mais de 30 anos, a chimpanzés, a linguagem gestual dos deficientes auditivos. Essa linguagem tem mais de 150 sinais, que os chimpanzés não apenas aprenderam como ainda ensinaram a filhotes e a outros animais que foram se integrando ao grupo. Essa capacidade de linguagem dos animais não tem nenhuma relação com qualquer sintoma mediúnico.



O vegetarianismo ou o naturalismo representam alguma diferença no grau evolutivo do homem? Se alguém deixar de lado o consumo de carne simplesmente por estar preocupado com o seu colesterol, isso certamente não terá nenhuma ressonância com estágios evolutivos mais nobres. Entretanto, o fato de uma pessoa optar pela dieta vegetariana terá significado expressivo em sua evolução espiritual, se os motivos que a levaram a essa opção, envolverem a compaixão pelo sofrimento dos animais e o respeito ao seu direito à própria vida e a condições de bem-estar. Essa pessoa certamente estará com a proposta de viver em harmonia com a natureza, deixando de lado a subjugação, a crueldade e a indiferença para com a sorte daqueles que também sofrem. Quanto mais amor, mais evolução!"