Episódio clássico de materialização na literatura metapsíquica é o da celestial “Nepentes”, fantasma que se apresentou durante
uma série especial de experiências com a mediunidade de Mrs.
D' Esperance.
Em uma das sessões, produziu-se um incidente que se constitui em importantíssima evidência da independência e preexistência do Campo de Forças Vitais - CFV, bem como por este se constituir no elemento responsável pela estruturação, regulação e funcionamento das formas vivas.
No âmbito da Astrobiologia, interessa-nos particularmente a propriedade morfogenética do CFV, evidenciada neste episódio, porque vem em apoio à hipótese de que o surgimento e mesmo a dinâmica atual da vida só são possíveis graças à interferência de um elemento (CFV) presente em um espaço de pelo menos quatro dimensões.
O ser transdimensional que afirmava ter
vivido na época heroica da Grécia antiga, escreveu, de
próprio
punho, uma mensagem em grego antigo, no caderno de notas de um dos experimentadores. A circunstância de todos os presentes
ignorarem a língua grega antiga aumenta, de muito, o valor
teórico desse incidente.
Embora Ernesto Bozzano que nos informa sobre tais fatos não mencione, sempre que recordo o episódio sob comentário, vem à mente uma belíssima figura feminina trajada à moda grega clássica.
Eis extrato do o relato contido no livro Xenoglossia, do grande psiquista italiano:
"Todos conhecem as origens dessas
sessões célebres. Um grupo de experimentadores noruegueses, entre os quais havia professores de Universidades, médicos,
literatos, magistrados e pastores luteranos, com o fito de
determinarem até que ponto as condições de preparo físico dos experimentadores influem favoravelmente sobre a produção dos
fenômenos, deliberaram abster-se por seis meses de toda bebida
alcoólica, do fumo, de drogas, para, ao cabo do terceiro mês,
realizarem uma série de doze sessões, às quais não seriam
admitidas pessoas estranhas, comprometendo-se os que haviam de
a elas assistir a comparecer ininterruptamente. No grupo, que se
compunha de uma trintena de pessoas, os dois sexos se achavam
representados
em partes iguais.
A forma materializada de “Nepentes” foi das
primeiras a manifestar-se e continuou a fazê-lo em quase todas
as sessões. Era uma forma de mulher belíssima; mostrava-se, à
claridade de uma luz, simultaneamente aos experimentadores e a
médium, que se conservava desperta e fora do gabinete,
entre
aqueles; materializava-se em meio do círculo e se submetia a todos
os desejos dos presentes, ora prestando-se a ser fotografada,
ora a escrever no canhenho de algum dos assistentes, ora a
fornecer o modelo da própria mão, imergindo-a em parafina
líquida.
Este último episódio se acha assim descrito no
livro Harper Luften:
“Imensa e ansiosa era a expectativa.
Conseguirá? Não conseguirá? Em tal estado nós achávamos,
que a médium o percebeu e recomendou: “Não me falem; tenho
que estar quieta; procurem todos se manter calmos e tranquilos.”
Por alguns minutos mais, na obscuridade das cortinas, continuou
o leve rumor da mão que mergulhava no líquido e dele emergia,
enquanto nós outros víamos claramente a forma branca do
fantasma, curvada sobre o recipiente.
Por fim, “Nepentes”
se ergueu, encaminhou-se para onde estávamos... e olhou em
derredor, até descobrir Herr E. que se achava sentado, semi-oculto,
por trás de outro espectador. Dirigiu-se a ele, suspensa no
ar, e lhe entregou um objeto.
“Entregou-me um pedaço de
cera” - exclamou Herr E. Logo, porém, retificou:
“Não; é
o molde de sua mão, cobrindo-a até ao pulso. A mão se dissolve dentro do molde”. - Ainda não acabara de falar e já a forma
volvia calmamente para o gabinete. - Afinal, obtivera-se o tão
desejado fenômeno.
Finda a sessão, procedeu-se ao exame do
molde. Pelo exterior, era informe, grumoso e constituído de
muitas camadas sobrepostas de parafina; mas, pela estreita
abertura do pulso, percebia-se, no interior, a figura de todos os
dedos de uma pequenina mão. - No dia seguinte, levamo-la a um
modelador
profissional (um certo Almiri), para que dali tirasse
o modelo. Ele e os seus operários se puseram a olhar atônitos
para o molde, pelo reconhecerem que uma mão humana, depois de
o haver produzido, não poderia retirar-se dele.
Acabaram por
chamar-lhe obra de bruxaria. Quando o modelo ficou pronto, tivemos
diante dos olhos uma mão pequenina, mas completa até ao pulso, na
qual se destacavam perfeitamente as unhas e se desenhavam às linhas
mais finas das juntas, das articulações e da palma. Os dedos
afilados e
admiravelmente conformados foram o que mais espantou
o artista e o convenceu da origem supranormal do molde,
sobretudo porque se apresentavam recurvos, de maneira a tornar
impossível que uma mão humana dali se retirasse.”
Neste
outro tópico, vem descrito o modo por que “Nepentes” se desmaterializava dentro do círculo dos experimentadores:
”...Ela se colocava entre nós e ia inclinando lentamente a
cabeça, onde reluzia o habitual diadema. Em poucos minutos,
sem que se percebesse o mais leve ruído, a sobre-humana, a
espiritual “Nepentes”, tão bela, tão real, tão viva, se
convertia numa nuvenzinha nunca maior do que uma cabeça humana, onde continuava a brilhar o diadema. Em seguida, aquela
luminosidade se
enfraquecia, o diadema se dissolvia e
desaparecia. Estava tudo acabado.” Pareceu-me necessária à
transcrição desses trechos, para ministrar aos leitores dados
bastantes a convencê-los da seriedade e da incontestável genuinidade das experiências em questão. Volto-me agora para
o episódio que
nos interessa e que ai acha descrito nestes
termos, no livro citado:
”Nepentes” se apresentou mais
bela do que nunca. Com toda a admiração e todo o respeito que
consagro às amáveis e gentis senhoras das minhas relações,
não posso deixar de repetir que meu olhos jamais viram um ser
comparável a tão sublime criatura - mulher, fada, deusa, fosse o
que fosse - e, afirmando isto, faço-me intérprete da
admiração de todos. Dando com Herr E., curvado sobre o seu
calepino, a tomar notas, ela se deteve a contemplá-lo.
Herr E.
lhe pediu então que escrevesse para ele uma frase e lhe ofereceu o calepino e o lápis, que ela aceitou. Ele se levantou e postado
por detrás dela ficou observando. Estavam ambos ao lado da
médium, porém um pouco para trás desta. Nós outros
contemplávamos, em ansiosa expectativa, aquele grupo de três
pessoas. - “Ela está escrevendo” - anunciou Herr E. - Víamos as
suas
cabeças curvadas sobre os dedos que escreviam e cujos
movimentos distintamente se notavam, Pouco depois, o calepino e
o lápis foram restituídos a Herr E. que se sentou triunfante.
Examinando as páginas escritas, vimos cobertas de caracteres
gregos, traçados com muita clareza, mas ininteligíveis
para
todos os presentes. No dia imediato, fizemos fossem traduzidos do
grego antigo para o grego moderno e deste para a nossa língua.
Eis o que continham:
“Sou “Nepentes”, amiga tua. Quando
te achares oprimido por excessiva dor, invoca-me a mim,
“Nepentes”, e eu prontamente acorrerei a lenir as penas.” - Feliz mortal. dizíamos todos intimamente, congratulando-nos
com ele.