Poderemos conhecer a época do aparecimento do homem e dos outros seres vivos na Terra? “Não; todos os vossos cálculos são quiméricos.”
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos - item 48)
Ouvimos desde crianças que o homem surgiu em nosso planeta por intermédio de um casal, Adão e Eva. Esse relato foi incorporado à cultura religiosa ocidental. Observamos que este, como outros trechos da Bíblia, contém contradição no mínimo onde afirma que Adão e Eva tiveram dois filhos Caim e Abel e que Caim, após ter tirado a vida ao seu irmão Abel, havia fugido e permanecido vagando pelo mundo até deparar-se com uma tribo, uma comunidade humana. Lá casou-se com uma mulher, garantindo a perpetuidade da raça humana.
Evidentemente que se Caim foi caminhando pelo mundo e encontrou uma região habitada, Adão e Eva não formaram o primeiro casal do planeta Terra como diz na Bíblia. Trata-se portanto, de uma contradição. Na verdade, os textos bíblicos são simbólicos, têm, digamos, um significado aparente e o significado oculto.
Naquela época, os homens acreditavam e só tinham competência para acreditar no significado direto, denotativo e aparente dos ensinamentos.
Eles não observavam certas contradições. Entretanto hoje em dia nós entendemos que o relato bíblico serviu para o esclarecimento daquela humanidade. Humanidade antiga, intelectualmente pouco desenvolvida, capaz apenas de acessar a superfície dos conhecimentos. Esses ensinamentos, incompletos e incoerentes, entretanto, deveriam ser aceitos como meio e condição de progresso, naquele nível evolutivo.
Muitos dos textos bíblicos são mediúnicos e de origem superior. Em nosso entendimento, os próprios mentores espirituais que os ditaram, propositadamente permitiram a presença de contradições para que no futuro, com o desenvolvimento das ciências e da mentalidade humana, fôssemos instigados a pesquisar novas verdades.
É assim que com o desenvolvimento da humanidade chegamos numa era de pesquisas em que se percebeu a necessidade da instrução e buscou-se a ciência e a razão.
Esse movimento evolutivo, contudo, acabou contradizendo muitas afirmativas da religião daquela época. O clero inicialmente perseguiu pesquisadores e cientistas; chegou mesmo a matar alguns.
Nem por isso todavia, a ciência deixou de se desenvolver e de gradualmente, pela sua racionalidade, pela sua base sólida avançou em popularidade e aceitação e a religião, por outro lado, quanto mais lutava contra a evidência e os fatos, mais rapidamente perdia terreno.
Os chefes religiosos mais perspicazes perceberam que, se mantivessem inalteradas suas opiniões e atitudes, a humanidade caminharia para a total indiferença religiosa; foi assim que admitiram ceder em parte para não perderem de vez a credibilidade e a aceitação popular.
Para os religiosos da época e também para muitos até de hoje são duas verdades em diferentes instâncias que não obedecem aos mesmos critérios de pesquisa e nem a mesma abordagem.
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